Em dois meses e meio, perdi minhas duas avós.
Vó Ota e Vó Maria faleceram em suas casas, em paz. As duas moravam a seis quadras de distância e se gostavam bastante. Antigamente, lembro delas falando que se viram na novena de quarta-feira, na capela perto de casa. Lembro delas conversando nos meus aniversários de criança. Lembro ainda dos sorrisos quando se encontravam, o da Vó Maria mais discreto, o da Vó Ota mais falante. Da Vó Ota, lembro do cuque de banana, dos canudinhos com maionese de batata, do pepino azedo e da cerveja de casa. Da Vó Maria, lembro do gosto do café com leite bem docinho, da limonada com limão tirado do pé, do molho do macarrão. Sabores de infância.
Vó Maria adoeceu primeiro e carregou sua doença por muitos anos. Durante este tempo, adoeceu meu Dziadek (avô em polonês) paterno, melhorou, faleceu; adoeceu meu Avô materno, melhorou, piorou, faleceu. E as duas aqui. Vó Ota teve altos e baixos na saúde. Lembro dela perguntando como estava a Dona Maria e pedindo para que Deus tivesse piedade dela. Fico pensando que elas eram muito fortes por aguentar todas as dores que suportaram em vida.
Numa tarde de sábado, o coração da Vó Ota parou. Dois meses e pouco depois, também num sábado, Vó Maria deu seu último suspiro. Acho que a Vó Ota “afofou” uma nuvem no céu para minha Vó Maria, como naquelas tardes em que ela guardava um lugarzinho no banco da igreja, para acompanharem juntas a novena.
Numa tarde de sábado, o coração da Vó Ota parou. Dois meses e pouco depois, também num sábado, Vó Maria deu seu último suspiro. Acho que a Vó Ota “afofou” uma nuvem no céu para minha Vó Maria, como naquelas tardes em que ela guardava um lugarzinho no banco da igreja, para acompanharem juntas a novena.
A perda entristece, mas saber que as duas não sofrem mais me alivia. Conforta-me saber que foram vidas longas, que tiveram filhos, netos e bisnetos, que viram a sua família bem, e que permanecem vivas em nossos corações. Minhas avós e meus avôs me deram meus grandes amores, minha mãe e meu pai, que me deram meu outro amor, meu irmão. Tive o privilégio de ter comigo meus quatro queridos, avôs e avós, vivos até meus 24 anos e minhas duas avós até meus 30 anos. Na minha memória, no meu coração e na minha história, me acompanharão para o resto da vida.
Beijos, vózinhas!
